O primeiro semestre (2024) foi marcado por uma série de acontecimentos impactantes para o varejo como um todo. Seu início foi impactado pelo período pós-festas que diminuiu o movimento no comércio. O carnaval no início do mês incentivou viagens e contribuiu para a procura de produtos como: protetores solares, repelentes, bronzeadores, itens de cuidado para a pele em geral, energéticos, preservativos e o conhecido “kit ressaca”, composto por sais de fruta, isotônicos, analgésicos e anti-inflamatórios, revela a Bnex, empresa especializada em Ciência do Consumo.
Surtos de doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti, como Dengue, Zika vírus e Chikungunya contribuíram para o aumento da busca por analgésicos, antipiréticos e isotônicos. A temporada de queimadas aumentou a demanda por produtos respiratórios, como: inaladores, nebulizadores, descongestionantes e medicamentos para doenças respiratórias como asma e bronquite. Enchentes no Rio Grande do Sul impactaram a economia de forma geral, entre outros eventos que tiveram impactos tanto negativos quanto positivos.
O varejo farmacêutico cresceu 5,0% em comparação com o primeiro semestre de 2023. O crescimento do segundo trimestre foi de 6,1%, demonstrando o impacto positivo dos meses de abril, maio e junho. Maio foi o mês de maior crescimento nos seis primeiros meses de 2024, com 7,2% de aumento no faturamento em relação ao mesmo mês do ano anterior, muito por conta do aumento no preço médio dos produtos de 5,2%, incentivado pelo reajuste anual dos preços dos medicamentos pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) de 4,43%, que entrou em vigor no dia 1º de abril e foi implementado quase que em sua totalidade a partir da segunda semana do mês. Junho ainda apresentou bons números no comparativo mês a mês do ano anterior, devido à chegada das primeiras frentes frias de maior impacto nas temperaturas nas últimas semanas.
Apesar do reajuste anual da CMED ter sido o menor dos últimos cinco anos, é importante entender o impacto no orçamento familiar das classes de renda menores, que representam a maior parte da população brasileira e acabam procurando por produtos mais baratos, como genéricos e similares, ou por PDVs que conseguem manter os preços abaixo do teto estabelecido. Nesse sentido, é importante destacar o trabalho dos programas de fidelização de clientes, uma vez que, com os aumentos nos preços pesando cada vez mais no bolso, o consumidor irá sempre procurar por mais vantagens, como descontos e facilidades no pagamento. Isso fica cada vez mais claro ao compararmos os números de fidelizados, com um crescimento de 14,6% no faturamento e 5,1% no ticket médio, com os números de não fidelizados, com queda no faturamento de 11,0% e de 1,7% no ticket médio. Cabe ressaltar também que o IFEV apresentou crescimento constante durante todo o ano de 2024, demonstrando que o shopper fica mais propenso a aumentar seu ticket médio quando encontra boas condições.
Para o próximo semestre, no começo, a demanda nas farmácias ainda estará relacionada à estação do inverno durante os meses de julho e começo de agosto, que, junto com temperaturas mais frias, acontecem campanhas de vacinação contra gripe e outras doenças sazonais, aumentando a procura por medicações relacionadas ao tratamento dessas doenças, como MIP-OTC para gripes, resfriados, febre e dor. Agosto foi o mês dos pais, o que pode ser uma oportunidade para venda de perfumaria e dermocosméticos de cuidados masculinos.
Outros meses de bastante relevância para o setor farmacêutico são setembro e outubro, por serem boas oportunidades para o lançamento de conteúdo afetivo e de conscientização sobre saúde mental e câncer de mama. No cenário geral, até o início do verão, no fim de setembro, a baixa umidade relativa do ar e as grandes diferenças de temperatura dentro de um mesmo dia deverão prevalecer, o que deverá manter a procura por hidratantes, protetores labiais, produtos e medicamentos para o sistema respiratório, além de suplementos e vitaminas.
Perfil dos Shoppers
Na análise de horário de compra por faixa etária, fica evidente a diferença entre os horários de pico entre as faixas etárias mais jovens, de até 49 anos, e as faixas etárias mais idosas, acima de 60 anos. Percebemos um pico de vendas às 18h até a faixa etária dos 49 anos, uma curva parecida na faixa de 50 a 59 anos, mas com uma mudança sutil, com prevalência às 10h e 11h da manhã, e uma evidência significativa dessa inversão nas faixas de 60 anos ou mais, com pico de compra às 10h. A participação das vendas nesse horário aumenta conforme a faixa etária dos clientes cresce.
Esse comportamento está associado à rotina diária dos clientes: quando em idade mais jovem, costumam dar preferência para adquirir seus medicamentos no horário de volta do trabalho, escola ou faculdade, após terem cumprido a maioria dos compromissos mais importantes do dia. Por outro lado, a população mais idosa, que se encontra, em sua maioria, aposentada, prefere os horários da manhã, uma vez que, por não terem tantos compromissos diários, dão prioridade para cumprir suas tarefas do dia já no período da manhã, deixando o restante do dia livre para outras atividades.
Isso demonstra a importância de se aplicar uma inteligência de mercado para instalar um novo PDV (ponto de venda). Ele deve estar localizado no sentido de volta para o trabalho da população mais jovem da área de atuação da loja e próximo de onde a população mais idosa vive, a fim de aumentar a conveniência desse ponto para os seus clientes.
Além disso, demonstra a importância da comunicação certa no momento certo para o cliente certo. Como a população mais idosa tende a utilizar produtos diferentes da população mais jovem, percebe-se que o momento ideal para ofertar produtos como medicamentos de uso contínuo e fraldas geriátricas, por exemplo, seria o período da manhã. Já para ofertar produtos como suplementos, o melhor período seria o do meio da tarde, entre 16h e 17h.
Foram analisadas 12 milhões de transações de vendas para essa edição.